Enfermaria

Deitei.a numa maca e fui chamar a enfermeia. Enquanto esta nao vinha tirei.lhe a bota do pe que doia e subi.lhe as calças - nao preciso que a enfermeira diga que vais ter de estar em repouso e por gelo

Ele estava a ser demasiado simpático e útil para comigo. Sentia-me desconfortável com isso, mas num bom sentido. Tentei sentar-me na maca, sendo mal sucedida. Consegui uma vista do meu tornozelo, algo inchado e roxo - estás certo - já tinha sofrido muitas lesões na neve - espero que seja só isso.

- Estás toda encasacada, mal te consegues mexer. - sem lhe pedir autorizaçao, comecei a tirar.lhe o casaco e deixei.a levantar.se - se eu tocar, doi ? - perguntei, tocando vagarosamente para nao a magoar

Antes que pudesse dizer alguma coisa, já ele me estava a tirar o casaco. Mais uma vez, ele não me deu tempo para reclamar. Os seus dedos tocaram no meu tornozelo. A zona ainda estava muito sensível e o mínimo toque incomodou-me - dói - revelei, sem querer soar queixinhas.

- e consegues mexe.lo minimamente ? - perguntei enquanto muito lentamente fazia o seu pe rodar. se ela nao conseguisse era capaz de ser um pe partido. - é que podes precisar de ir ao hospital

Tentei mexer o tornozelo. Conseguia fazê-lo, mas era uma dor muito desconfortável. Não gostava nada da tonalidade roxa que a minha pele tinha. - Consigo mexê-lo. Os meus ossos aguentaram-se bem - acabei por não ter piada.

Ri.me, abanando a cabeça - ao menos nao esta partido. parece pior do que realmente esta. - afastei.me quando a enfermeira entrou e fiquei a espera do seu diagnostico

Esbocei um sorriso - Pois é. É apenas uma entorsezinha - concordei. Mesmo assim seria uma complicação para o meu trabalho nos próximos dias. A enfermeira chegou-se à frente e examinou-me. Só veio a revelar o que já sabiamos.
- É uma entorse. Nada de muito grave mas vai precisar de repouso nos próximos três dias, no mínimo. Coloque gelo, massaje e aplique a pomada - disse, passando-me um tubinho de gel. - Vou já passar a baixa médica - Apenas agradeci e tentei levantar-me da maca.

- Ah não, fica quieta - mandei - nao acabaste de ouvir a palavra repouso ? - perguntei, revirando os olhos - ja agora como te chamas ? - perguntei com os olhos postos nela enquanto a voltava a segurar no colo

Olhei para ele - Claro que ouvi - E tinha perfeita noção de que odiava repousar. - Jade. E agora mete-me no chão, vou pedir umas canadianas - respondi, olhando-o. Sá então me apercebi o quão profundos eram os seus olhos.

- Vais mesmo andar de canadianas na neve ? - perguntei num tom ligeiramente ironico para realçar o quao ridicula aquela ideia era - é que se queres acho melhor nem saires daqui porque vais voltar a entrar

- Não é como se fôsses ser o meu transportador o tempo todo. Preciso das canadianas e de autonomia - repliquei. Era a minha única alternativa. - Acho que consigo. Terei cuidado.

- vais acabar por cair e tu sabes disso. neve, canadianas e um pé torcido não sao tres coisas que se façam sem ajuda. se nao queres ir no meu colo, vais as minhas cavalitas - revirei os olhos - e deixa de ser uma orgulhosa com a mania que é forte. nao te faz mal nenhum admitir que precisas de ajuda

Desta vez mordi a língua, amaldiçoando-me logo de seguida por isso. Maldito fosse ele por ter razão - Pronto, tens razão. Vou precisar da tua ajuda para ir até ao meu bungalow.- admiti, pondo de lado o orgulho. - fica na zona oeste.

Finalmente admites - revirei os olhos, sorrindo - que coincidencia, o meu também. é o bungalow cinco e o teu ? - perguntei enquanto lhe dava o casaco para ela vestir. assim que estava pronta, pu.la as minha cavalitas e fui em direçao aos bungas.

Também revirei os olhos, se não teria fulminado-o com o olhar. - Quatro - respondi - Somos quase vizinhos - Ainda havia alguma distância a separar os nossos bungalows, mesmo assim. Vesti o meu casaco e ajeitei-me às suas cavalitas. CAda vez percebia mais o quanto o seu corpo era musculado.

- Por azar nao ficamos no mesmo - fiz uma careta apesar dela nao me ver - se olhares pela janela es capaz de ver o meu bungalow, nao sei é se tens vista direta para o meu quarto - disse, rindo.me

Por azar ou por sorte, pensei. - Seria um bocadinho estranho conhecer assim o meu companheiro de bungalow - respondi com um sorriso divertido. - Passaria a minha vida com uns binóculos, a tentar espreitar pela tua janela - brinquei.

- Se me queres ver nu nao precisas de uns binoculos. - comentei com ela, olhando por cima do ombro - podes sempre passar a noite comigo e de manha ves.me em boxers ou com menos - ri.me

- O teu convite é estranho. Acabaste de me conhecer e já me estás a convidar para passar a noite contigo - Não era bem assim, mas era quase. Talvez ele fosse um desses tipos que não perdia tempo, tentava facturar logo na primeira noite. - Estás a gozar, certo? - Acabei por me rir.

- Estou mas és sempre bem vinda se quiseres - encolhi os ombros e ri.me - nao me incomodava nada que passasses la a noite, e so pedires

- Tem cuidado, eu posso ressonar e depois já não poderás cancelar o convite! - respondi no gozo. Mas, com medo que ele acreditasse, rectifiquei-me logo - mas não ressono, só para que fique claro. - estava a corar novamente. Ainda bem que ele não me podia ver.
Já começávamos a avistar o meu bungalow.

- Eu a dormir sou uma pedra, nao ia dar por nada - ri.me e fui na direçao em vez do meu - e se ressonasses eu metia.te uma rolha na boca - disse em tom de gozo

O ambiente estava muito mais tranquilo agora que estávamos os dois às piadas. Eu já não estava tão rabujenta - não me farias isso! - exclamei, fingido-me escandalizada.