Quarto do Marlon Crawfield

- Nem tudo o que parece é, nunca ouviste dizer? - revirei os olhos.

- Entao agora pensa. Deixei-me cair para trás na cama e fiquei a olhar para o teto. - Neste momento podia estar a conhecer o amor da minha vida mas nao, estou aqui trancada contigo. ¡ Por dios! - disse enfatizando o meu sotaque espanhol.

- Tenho a certeza que nao es, tu representas tudo o que eu odeio num rapaz. - disse gargalhando mas falando a sério.

- Não neste caso - disse antes de deitar a cabeça numa almofada.

- E a minha dizia que vozes de burro nao chegam ao ceu portanto cala-te la com isso. Ou estas assim tao desejoso que eu me renda aos teus encantos? Sentei-me na cama encostada à cabeceira, olhando-o.

- Não é isso que parece senão não me prendias aqui. Levantei-me e apoiei as mãos nas ancas. - Abre lá essa porta e assim já não tens que me aturar.

- Só cheiras bem graças a mim. E tenho todo o direito de me queixar, estou farta de olhar para a tua tromba, daqui a pouco adormeço. - disse fingindo um bocejo.

Bufei zangada e entediada ao mesmo tempo. Eu era daquele tipo de pessoas que não aguentavam estar fechadas sempre no mesmo sítio, dai começar a andar de um lado para o outro. - Assim como?

- Ah queres dizer frontal, faço-te frente, não sou oferecida como as outras. Sempre fui assim, não confio nas pessoas com facilidade, pode ser um defeito mas tenho motivos para não o fazer. Continuei a caminhar de um lado para o outro do quarto. -Se calhar estou, mas o que me prova que sou eu quem está errada? Vocês rapazes são todos iguais e isto não é apenas uma frase feita.

Acenei afirmativamente com a cabeça. - São, eu sei do que falo. São TODOS uma cambada de porcos que só sabem usar e desprezar as mulheres, não têm vergonha na cara. - disse irritada - Eu tento conhecer as pessoas que eu quero. Vi-o destrancar a porta. Finalmente. Aguardei um pouco antes de sair pois queria ver qual seria a sua reacção. Já sabia o que ia fazer a seguir, dar um passeio com o meu Xerife que já devia estar a morrer de saudades minhas.

Soltei uma gargalhada irónica. - Tu não sabes do que estás a falar, mas eu também não vou discutir isto contigo.

- Só se for para a queimar. - disse dirigindo-me à saída.